JOGOS OLÍMPICOS DE MONTREAL 1976
Lanny Bassham
A glória do
vencedor
A partilha da
vitória
Uma despudorada
verdade - um atleta só o é, na completa acepção da palavra e da realidade,
quando a par das suas capacidades técnicas, alia as de um homem de carácter –
porém, esta afirmação se esvai quando os são princípios do desporto são,
completamente desvirtuados e muitos atletas são permeáveis a processos incorretos
e podem vender a alma ao diabo em busca da suprema exultação da vitória.
Foi um momento muito especial com a atenção assistente centrada naquela cerimónia final de atribuição de prémios, um pódio e três atletas no crucial momento de ver compensada a sua actuação. No topo, Lanny Bassham (EUA), pronto a receber a medalha de ouro da prova de “carabina de pequeno calibre em três posições”, na prata Margareth Murdock (EUA), e no bronze Werner Seibold (RFA).
No preciso momento
em que começa a soar o hino americano, o atleta laureado e declarado vencedor,
num gesto rápido mas decisivo, amarra a atleta do segundo lugar e puxa-a para
junto de si e ambos escutam o símbolo do seu país. Assim foi até ao fim, com o
público surpreso mas encantado com o gesto.
Porquê?
No fim da disputa,
dos muitos tiros de carabina, nas três posições impostas, de pé, de joelhos e deitados, o júri contabilizou os pontos dos
atiradores e verificou um empate técnico nos dois primeiros, Lanny Bassham, um
homem, e Margareth Murdock, uma mulher, por sinal ambos do mesmo país.
Decorriam as provas
de tiro dos Jogos Olímpicos de Montreal, em 1976.
Após um exaustivo
exame aos alvos de ambos, os juízes declararam Lanny Murdock como vencedor. De
imediato este dirigindo-se aos homens que declararam o veredicto sugeriu que a
medalha de ouro fosse repartida por ele e pela Margareth que tinha sido relegada
para o segundo posto e na realidade, nenhum tinha sido melhor do que o outro!
Solicitação
indeferida.
Insatisfeito acabou
por se submeter à decisão dos juízes.
Este homem foi
campeão mundial em 1974 e 1978, venceu por três vezes os Jogos Pan-Americanos e
vinte e duas vezes campeão americano. Seria posteriormente a Director de Tiro
da Selecção Americana aos Jogos Olímpicos. Criou uma empresa que promovia
cursos de ensino de gestão ambiental para empresários e atletas, caso de alguns
jogadores profissionais de golfe. Foi também criador de cavalos.
Aquela cena do
pódio, uma atitude improvável nos tempos que correm!
Autor: ILÍDIO TORRES
Membro da Academia Olímpica
Comité Olímpico de Portugal