JOGOS OLÍMPICOS DE PEQUIM 2008
Quem é o vencedor?
Decidem os atletas!
A prestação do atleta e o julgamento final!
Apurar e declarar um vencedor numa qualquer prova é,
certamente, uma tarefa inata da competição desportiva, cada vez mais isenta de
dificuldades agora que a tecnologia vai sendo um fator determinante. Todavia, casos
houve (e continuam) em modalidades onde o desempenho dum atleta, sob julgamento
de um declarado árbitro, se pode revestir de alguma dificuldade acrescida.
Um exemplo muito paradigmático dessa realidade pode
ser encontrado em modalidades onde pode verificar-se o descontrolo da massa adepta,
o destempero ou o julgamento de um qualquer árbitro por erros grosseiros - a
exteriorização de comportamentos piores, sem nexo.
Julgar não é fácil.
Por vezes, as decisões nem sempre encaixam na verdade
ou na justiça desportiva – todavia a inteligência humana deveria saber suprir
essas falhas e concorrer para a dignificação do espetáculo desportivo – muito
raro!
Recordemos um episódio deveras interessante ocorrido
em Pequim, nos Jogos de 2008.
Desenrolava-se a competição de ginástica, de barras
paralelas, homens, quando os juízes se debateram com imensas dificuldades em
apurar o vencedor da medalha de prata – dúvidas relativamente a dois
finlandeses, Savolainem e Terasvita – um empate difícil de resolver. Tanto o
público assistente como os próprios atletas começavam a dar sinais de
impaciência face ao tempo e à indecisão dos árbitros.
Então, os dois atletas em causa, fartos de esperar, decidiram-se.
Num momento de extremo espírito olímpico, dirigiram-se até ao lugar onde se encontravam os juízes e solicitaram autorização para colaborarem naquela difícil tarefa – autorização concedida. Afastaram-se para um lugar mais discreto e entre ambos, analisando o comportamento de cada um, chegaram a uma conclusão – escolheram para vencedor, o Savolainem, baseados na honesta conclusão de que havia tido o melhor desempenho.
Por estranho que pareça, o colégio arbitral concordou
com a opinião de ambos e decidiu oficialmente!
Impossível ou muito difícil semelhante caso voltar a acontecer.
Se assim for, estaremos na presença de uma nova era desportiva onde os valores
mais altos da competição permanecem imaculados, segundo os cânones desejados.
Aguardemos!
“Autor: Ilídio
Torres
Membro da
Academia Olímpica de Portugal
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