JOGOS OLÍMPICOS DE LONDRES 1908
Desportivismo à moda antiga
Fair-play
Um episódio de um tempo
ido mas de um incomensurável alcance.
O significado, um desfecho
tão raro no conturbado mundo do desporto em que a luta pela vitória está muitas
vezes aliada a comportamentos execráveis.
Felizmente, este,
um exemplo para muitos, aconteceu numa carismática época em que as olimpíadas buscavam,
finalmente, o rumo desejado, nos Jogos Olímpicos de Londres, em 1908, a
demonstração inequívoca do desportivismo, do tão apregoado fair-play.
O público
assistente seguia as provas de luta greco-romana que se desenrolavam ao alcance
dos seus olhares e que as sucessivas eliminatórias haviam determinado dois
finalistas, dois lutadores suecos, o Frithiof Martenson e o Mauritz Andersson.
Em determinado
momento do combate, um dos atletas, Mauritz Andersson, solicitou ao juiz a sua
vontade, a sua intenção de interromper por algum tempo o combate a fim de
permitir que o seu adversário recuperasse de algo que o apoquentava, evidente
no seu estado físico que ia dando conta de algo anormal.
Na verdade,
Frithiof Martenson estava com algo, um problema impeditivo de continuar. Mais
ainda, Andersson voltou a informar o juiz que aguardava o tempo que fosse
necessário para a recuperação do rival porque era seu desejo que a vitória
fosse decidida em combate e não por uma qualquer lesão.
O juiz atendeu o
atleta e deu indicações ao adversário para interromper o combate, ser visto e …
curado!
E foi mesmo porque
o resultado final haveria de ser o contrário do que se esperava.
O atleta lesionado
recuperou da lesão temporária e parece ter entrado com forças redobradas porque
acabaria por vencer o combate.
Martensson acabou por derrotar o amigo que permitiu a sua recuperação física quando poderia beneficiar da sua lesão e vencer o combate.
Impensável nos dias
que correm, neste mundo do desporto, um inusitado e louvável comportamento.
Incrível.
Autor: Ilídio Torres
Membro da Academia Olímpica de Portugal
Comité Olímpico de Portugal
Sem comentários:
Enviar um comentário